Preço da carne bovina no Ceará não será impactado pela inundação no Rio Grande do Sul

A produção de gado gaúcha é formada predominantemente por raças europeias por serem mais adaptadas ao clima frio

Escrito por Bruna Damasceno , bruna.damasceno@svm.com.br
Peças de carne em açougue
Legenda: A inflação das carnes recuou 0,86% na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF)
Foto: Fabiane de Paula

Apesar de ter relevância na pecuária de corte, o Rio Grande do Sul não abastece o mercado do Nordeste. Por isso, a tragédia climática que atinge o território gaúcho não deve impactar a oferta e os preços da carne bovina nos supermercados do Ceará. 

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Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea-Esalq/USP), a produção rio-sul-grandense é formada predominantemente por raças europeias por serem mais adaptadas ao clima frio, totalizando 2,9% das exportações brasileiras.

“O gado e a carne desse estado não têm grande circulação em outras regiões, e, por isso, as ocorrências recentes não devem influenciar significativamente as negociações pecuárias do País”, informou. 

Ceará não será afetado

O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Carnes Frescas do Estado (Sindicarnes-CE), Everton da Silva, também aponta que o Ceará adquire o produto de Goiás, Pará e Tocantins. “Não nos atinge”, enfatizou. 

Segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no acumulado deste ano até março, a inflação das carnes recuou 0,86% na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).  

Suínos e aves

Já a produção gaúcha de suínos e de aves é mais expressiva, podendo haver efeitos no Ceará. Além disso, o Rio Grande do Sul é um importante exportador da soja, usada para a ração animal.

No entanto, pondera Everton, as chances são baixas. “Ainda estamos aguardando os próximos dias para avaliar como ficará e se outros estados precisarão suprir essa demanda”, explica. 

Conforme o Cepea, em 2023, o Rio Grande do Sul foi o terceiro estado com o maior abate de suínos, totalizando 19,87%, sendo 9,2 milhões gados. Além disso, representou 23,1% do total exportado dessa carne no ano passado. 

Segundo pesquisa trimestral do abate de animais do IBGE, apenas no quarto trimestre de 2023, 32,6 mil cabeças de gado foram abatidas no Ceará. No Rio Grande do Sul, o número salta para 519 mil cabeças. 

Além disso, o Ceará foi responsável pelo abate de 46.503 cabeças de suínos e 9 milhões de frangos no período.

Já o Rio Grande do Sul abateu 2,37 milhões de cabeças de suínos e 182,6 milhões de frangos no quarto trimestre do ano passado. 

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