Enel Ceará quer aproximar setor produtivo para antecipar demandas: ‘Não estamos nos eximindo’

O diretor-presidente da Enel Ceará quer aproximar a companhia e setores econômicos, com quem a relação ficou estremecida sobretudo no último ano

Legenda: Diretor-presidente da Enel Ceará, José Nunes, falou da necessidade de ficar mais próximo do setor produtivo ao ser questionado sobre as inúmeras rusgas entre a distribuidora e os setores da economia
Foto: Thiago Gadelha

O estremecimento da relação entre o setor produtivo e a Enel Distribuição Ceará, após meses de desgaste, é um dos elementos que a companhia de energia pretende melhorar. Para isso, ela pretende aproximar diálogo com as empresas, especialmente para antecipar possíveis demandas. Além disso, a distribuidora também quer trabalhar com mais agilidade, atendendo “o mais rápido possível, dentro das possibilidades”.

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Em entrevista ao Diário do Nordeste, o diretor-presidente da Enel Ceará, José Nunes, falou da necessidade de ficar mais próximo do setor produtivo ao ser questionado sobre as inúmeras rusgas entre a distribuidora e os setores da economia, sobretudo em 2024, quando foram vários os relatos de prejuízos aos negócios em decorrência da má prestação de serviço de energia elétrica.

Um dos exemplos é uma fábrica de calçados em Canindé, onde a Rubberloss aguarda a ligação de energia para produzir o calçado norte-americano Crocs. A empresa gaúcha espera que o serviço seja efetuado desde o fim do ano passado e, com a realização do procedimento por parte da Enel, vai contratar 250 pessoas para trabalharem no local.

De acordo com Nunes, a situação será resolvida nos próximos meses. “Temos uma demanda reprimida em Canindé, que está sendo viabilizada nos próximos 60 dias, uma indústria que se instalou lá e representa aproximadamente 10% da (energia) da cidade de Canindé, então isso nos próximos 60 dias nós devemos estar equacionando”, disse.

Situação do Beach Park

O fechamento temporário do parque aquático Beach Park, noticiado na imprensa no início deste mês, também foi questionado ao presidente da Enel, que afirmou ter se tratado de um problema “em um equipamento do próprio Beach Park”. 

"Depois disso eu já tive duas reuniões com o presidente do Beach Park para falarmos do futuro do Beach Park, da ampliação do que é um pouco que eu estava falando da antecedência nas demandas futuras que serão necessárias assim foi feito e esse será o procedimento de juntar-se ao cliente no momento de dificuldade".

Em nota, o Beach Park informou que suspendeu as atividades do parque aquático, devido a danos nas instalações elétricas do espaço causados por problemas recorrentes no abastecimento de energia fornecido pela Enel.  

"Essas interrupções causaram danos substanciais às infraestruturas de energia, afetando inclusive os geradores que garantem a autonomia operacional do Aqua Park. Equipes do Complexo Beach Park e da Enel Distribuição Ceará passaram o dia realizando os reparos necessários e normalizaram o fornecimento de energia do parque e do resort no final do dia, e não tivemos novas intercorrências", informou o Beach Park.

Aumento da carga

Nunes contextualiza que os problemas de energia enfrentados por empresas e até mesmo em residências ocorrem, sobretudo, devido à mudança de carga ao longo das últimas décadas. “Em um supermercado, por exemplo, não é mais (como era antes). Hoje, requer climatização, câmaras, então é uma demanda de energia muito maior. Com isso, há a necessidade de nos buscar o quanto antes para que seja uma ação planejada”.

Ele acredita que, na hora de erguer um negócio, os empresários precisam pensar na ligação de energia não somente quando a edificação está ficando pronta. “A cultura é assim: quando está terminando de colocar uma loja é que vai pedir a ligação da Enel. Não estamos nos eximindo desse desafio, é algo a ser tratado com os setores econômicos para termos maior antecedência nessas interações”, reforça Nunes.

Das conversas com os setores, já houve reuniões nesse sentido com representantes dos hotéis (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Ceará) e do setor agro. “Sem dúvida (essa aproximação) será através das instituições de classe. Nós já tivemos reunião com a associação de hotéis e pousadas, já tivemos com o pessoal do agro, que tem várias demandas; algumas são de qualidade, outras são de novas instalações, então através das instituições a gente vai fazendo isso e, quando necessário, individualmente”.

Além das conversas com as entidades classistas, Nunes reforça o interesse em resolver problemas de forma mais direcionada, com cada empresário. “Eu gosto muito de ir em loja de atendimento. Já fui em várias. E lá eu converso com seu ‘Chiquinho’, seu ‘Zezinho’, que está lá com o problema específico dele”, disse. 

“Naturalmente, quando eu converso com a instituição de classe são conversas muito mais gerais. Quando é algo mais específico, tem que ser tratado diretamente com o empreendedor”, arremata Nunes.

Investimentos

Na semana, a companhia anunciou investimentos de R$ 4,8 bilhões no período de 2024 a 2026, em toda a área de concessão, para melhorias — entre as quais inclui reforço na infraestrutura, aumento do número de funcionários próprios e obras estruturais.

Segundo a empresa, o valor representa uma média anual de R$ 1,6 bilhão neste período, um aumento de cerca de 44% em relação à média anual de investimentos dos últimos seis anos.

"Um ponto relevante do plano inclui a contratação, neste período, de cerca de 1.750 novos colaboradores para atuar, principalmente, na operação em campo até 2026. Apenas este ano, serão contratados cerca 450 novos colaboradores e incorporados 120 novos veículos, para agilizar o atendimento aos clientes", afirmou a Enel Ceará em nota à imprensa.

Dentre as iniciativas apresentadas pela distribuidora, destacam-se a intensificação das manutenções preventivas, o aumento do número de podas preventivas e a modernização da rede elétrica. Por ano, a companhia planeja realizar mais de 50 mil manutenções, cerca de 320 mil podas e inspeções em 90 mil pontos da rede elétrica em todo o estado.