Copom antecipa mudança na política monetária em 2025

Placar de 5x4 registrado na reunião de ontem indica que, no próximo ano, juros cairão mais rapidamente e em percentual maior

Legenda: No dia 31 de dezembro deste ano, terminará o mandato do atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto
Foto: Marcelo Casal

Ontem, o Comitê de Política Monetária, o Copom, do Banco Central, reduziu em 0,25 ponto percentual a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic. Essa redução já era esperada pelo mercado, que, porém, foi surpreendido pelo placar: 5 votos a favor, 4 votos contra.

Os votos contrários foram dados pelos novos diretores do Banco Central nomeados pelo presidente Lula por indicação do seu ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Isto significa que, a partir de janeiro do próximo ano, quando o Banco Central tiver novo presidente, sua política monetária mudará de tom, ou seja, a queda dos juros será maior.

Deve ser lembrado que no dia 31 de dezembro deste ano, terminará o mandato do atual presidente do BC, economista Roberto Campos Neto.

Por enquanto, isto é, até que haja mudança na presidência do Banco Central, a política monetária será mantida no modo contracionista. O comunicado divulgado ontem já adverte: “A extensão e a adequação de ajustes futuros na taxa de juros serão ditadas pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”.

A meta da inflação para 2024 e 2025 é de 3% ao ano, com uma banda de 1,5% para cima ou para baixo. 

Votaram por uma redução de 0,25 ponto percentual os seguintes membros do Comitê: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente), Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Otávio Ribeiro Damaso e Renato Dias de Brito Gomes, todos indicados pelo governo anterior de Jair Bolsonaro. 

Votaram por uma redução de 0,50 ponto percentual os seguintes membros: Ailton de Aquino Santos, Gabriel Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Alves Teixeira, todos indicados pelo atual governo.

O comunicado do Copom diz o seguinte:

“"O ambiente externo mostra-se mais adverso, em função da incerteza elevada e persistente referente ao início da flexibilização de política monetária nos Estados Unidos e à velocidade com que se observará a queda da inflação de forma sustentada em diversos países. Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. O Comitê avalia que o cenário segue exigindo cautela por parte de países emergentes.

"Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho tem apresentado maior dinamismo do que o esperado. A inflação cheia ao consumidor manteve trajetória de desinflação, enquanto medidas de inflação subjacente se situaram acima da meta para a inflação nas divulgações mais recentes.

As expectativas de inflação para 2024 e 2025 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 3,7% e 3,6%, respectivamente.

"As projeções de inflação do Copom em seu cenário de referência situam-se em 3,8% em 2024 e 3,3% em 2025. As projeções para a inflação de preços administrados são de 4,8% em 2024 e 4,0% em 2025.”

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